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Cariacica celebra conquistas no combate a discriminação racial
No próximo dia 21, celebra-se o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial. Em Cariacica, a data será lembrada com uma série de atividades organizada pela Secretaria Municipal de Cidadania e Trabalho (Semcit), por meio da Gerência de Promoção da Igualdade Racial, direcionada aos estudantes e servidores.
Além disso, desde 2005, a atual Administração Municipal se preocupa em desenvolver projetos na área da educação, saúde, cultura e esporte, a fim de superar o racismo e qualquer outro tipo de prática de discriminação ou intolerância ao cidadão. Os resultados desses esforços já são notados.
Dados do IBGE, em 2005, demonstram que somente 5% da população cariaciquense se declarava da cor ou da raça negra. Em 2007, a pesquisa realizada pelo Instituto Indago, a pedido da Prefeitura, aponta que esse percentual subiu para 17%. Para o assessor de Promoção da Igualdade Racial, Edison Francisco Monteiro, essa aumento, em um curto espaço de tempo, é uma conquista, pois Cariacica, como todo o Brasil, tem uma formação miscigenada, com povos de origens indígena, negra e europeia.
"De uma população de aproximadamente 360 mil habitantes, 177,5 mil pessoas se declaram pardas e morenas. Isso é uma vitória, pois é muito difícil uma pessoa se assumir como negra", comemora Edison. Quando o povo se reconhece e valoriza suas origens, cultura e crenças, os tabus são quebrados e uma sociedade mais igualitária começa a ser construída.
Educação
Prova disso é o trabalho feito junto à Secretaria Municipal de Educação (Seme). Desde pequenos, os estudantes cariaciquenses estão conhecendo a história do povo negro sob uma nova ótica.
Os professores da rede municipal são preparados, anualmente, para falar sobre a história da África nas salas de aulas. Capacitações são realizadas desde 2005. Aproximadamente duas mil pessoas, entre docentes, serventes e cozinheiras, foram treinadas.
Um acervo bibliográfico sobre o assunto foi adquirido pela Seme e distribuído nas escolas. Essas ações atendem a Lei 10.639 de 2003 que determina a inclusão da história africana no currículo escolar.
Divulgação/Semcit Concurso da beleza afro
Concurso de cartazes e redação sobre a história da África foi realizado por professores nas escolas, e teve a participação de todos os estudantes da rede, cerca de 40 mil alunos. Atividades culturais também são promovidas nas escolas como, por exemplo, o concurso de beleza negra, pintura em grafite e teatro sempre dentro desta temática étnico-racial.
Cultura e esporte
Fora das escolas, nas comunidades, as essas questões também são abordadas, seja na realização de eventos esportivos, como a Corrida da Igualdade Racial, que acontece anualmente nas ruas do município; na promoção de espetáculos teatrais; e na realização de oficinas sobre dança e produção de penteados afro.
Divulgação/Semcit Oficina que ensina a produção de penteados para cabelo afro
O projeto "Cinema na Praça" exibe periodicamente, em áreas públicas, filmes gratuitos para a população com menor condição socioeconômica. São filmes nacionais e internacionais que sempre trazem a discussão de temas atuais da sociedade. O projeto está em andamento e começou no início deste ano.
Saúde
Na área da saúde, os profissionais da rede municipal participaram de um Seminário sobre Anemia Falciforme, em 2005. Na ocasião, um representante do Ministério da Saúde veio à Cariacica falar das causas, sintomas e tratamentos dessa doença hereditária, que causa má-formação das hemácias (glóbulo vermelho) e atingem, principalmente, indivíduos da raça negra.
A próxima meta que será discutida junto a Secretaria Municipal de Saúde (Semus) é a melhor forma de atendimento à população, por meio de realização de exames e acompanhamento médicos periódicos.
Quilombolas
A história e cultura desse povo que ajudou na formação de Cariacica também estão sendo resgatados. O município possui duas comunidades Quilombolas. Uma delas é a de Retiro de Santa Leopoldina, que já foi reconhecida pelo Governo Federal e recebeu seu "Diploma da Terra".
Com esse reconhecimento, os habitantes desta comunidade, formada por descendentes de negros escravizados na época do Brasil Colônia, ganham o direito de suas terras. "Com isso, fazendas, sítios e empreendimentos imobiliários particulares que possam vir a ocupar o espaço são desapropriados e a propriedade é devolvida às comunidades quilombolas", explicou Edison.
A próxima comunidade que pode receber o título é a de Roda D'Água. Para que isso aconteça, é necessária a realização de uma pesquisa antropológica na região, que deverá ser encaminhada para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A Prefeitura já está contratando um profissional para realizar esses estudos. A previsão é que em seis meses a pesquisa seja concluída.
Roda D'Água, com sua pluricidade cultural , realiza uma das maiores manifestações populares do Estado, o Carnaval de Congo que, anualmente, atrai mais de 30 mil pessoas ao cortejo que homenageia a santa padroeira do Espírito Santo, ao som de tambores e casacas e personagens mascarados, o popular João Bananeira.
Em Retiro de Santa Leopoldina há 180 famílias descendentes de negros escravizados. Já em Roda D'Água, são cerca de 100 grupos familiares.
Semco Carnaval de Congo de Roda D'Água
Copa do Mundo
Neste ano, a África do Sul será sede de um dos maiores eventos esportivos mundiais, a Copa do Mundo. A realização da Copa nesse país não traz benefício somente aos sul-africanos, mas sim, a toda a população negra do continente africano e de todo o mundo. Para o gerente da Igualdade Racial de Cariacica, Florisvaldo do Santos de Oliveira, a repercussão que a mídia internacional realiza, antes, durante e após o evento, é bastante positiva para romper preconceitos sobre aquele continente.
"Infelizmente, os países africanos são destaques nos meios de comunicação de massa pelas doenças, guerras e pobreza. Através da publicidade, que já começamos a assistir, há um espaço maior para os atores negros; a cultural local já começa a ser divulgada de forma mais positiva. Com isso, está tendo uma valorização da identidade cultural.", avalia o gerente. Além disso, turistas de várias partes do mundo vão visitar o país, durante as competições, gerando mais renda e desenvolvimento econômico local.
Autor: Danielly Rosário

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